Manu (65) vs Melo (15)

Explicando a eleição de Porto Alegre em uma partida de futebol

Romenigue Thier

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Hoje teremos uma grande partida de futebol, 2 grandes times.

À esquerda das arquibancadas podemos ver o time capitaneado pela jogadora Manu e à direita vemos o time do capitão Melo. Ambos com uma longa história dentro do campeonato, já tentaram ser grandes protagonistas dentro de outras edições do Porto Alegrão e dessa vez um dos dois conseguirá esse feito.

Para chegar até aqui cada um fez as suas contratações, o time de Manu fez um alto investimento, com uma folha de pagamento 3 vezes maior que o time de Melo. Do outro lado, foi mantido um time com jogadores mais velhos, mais turrões, mas com muita experiência, que conhecem os atalhos do campo.

Começa a partida.

A torcida está fervorosa, os cânticos contra a jogadora à esquerda são dos mais terríveis já vistos, bravejam que Manu, caso ganhe a partida, vá mudar todas as regras do campeonato, que o cachorro quente, vendido nos estádios, será feito do próprio animal, de onde já se viu tamanho absurdo (?!).

Inclusive aparece na arquibancada um antigo affair de Manu, um jogador pífio conhecido pelo apelido Cachorro. Ele desfere tantas ofensas machistas que gera desconforto a alguns jogadores (e parte da torcida), sorte nossa que não teremos que acompanha-lo no segundo tempo, já que pouquíssimos escutam com jubilação as grosserias que ele diz.

Temos apenas alguns lampejos de bom futebol, o jogo é muito acirrado, ninguém mostra grande desenvoltura, embora seja perceptível um leve domínio do time a esquerda. Melo então olha para o banco de reservas, sabe que está complicado, conversa com membros da comissão e solicita alguma mudança no time.

Substituição, entra em campo um velho conhecido, o Magrão, jogador com altos e baixos, mas que já ganhou esse mesmo campeonato outrora. Envolto a polêmicas recentes, estava jogando por outro time, mas a sua inscrição foi impugnada pela justiça desportiva e assim acabou assinando com o time de Melo, do qual já foi companheiro de time outrora.

O domínio da partida muda de lado e mesmo com o apoio de celebridades, e uma torcida bastante fanática, Manu sofre o gol no finalzinho do jogo e assim se encerra o primeiro tempo com vantagem ao time de Melo.

Intervalo da partida.

Ambos times voltam do vestiário com mudanças. Melo volta com o jogador Judoca para o segundo tempo, um jogador emblemático, já jogou em vários times e fez a carreira em outro esporte, justamente de onde veio seu apelido, mas no futebol não consegue repetir o mesmo sucesso, tanto que alguns comentaristas não acham que a entrada dele trará grande contribuição ao time.

Já Manu tem o seu time bem reforçado, entram Ju (neta de um admirável jogador de âmbito nacional) e Mel, ambas grandes jogadoras e que podem dar uma cara diferente pra partida.

Mas tem uma coisa que ficou visível no primeiro e talvez seja reflexo da qualidade da partida, 1/3 do estádio está vazio. Todavia a torcida presente faz um grande barulho, pena que as asneiras que a torcida de Melo grita continuam, chegam a dizer que se Manu ganhar proibirá que religiosos vão a jogos e que o campeonato será copiado ao Venezuelão (?)!. Não entendo como alguém acredita nisso.

Começa o segundo tempo.

Uma curiosidade do campeonato, os times não invertem os lados do campo, o time de Manu continua à esquerda e o de Melo à direita, embora é possível ver que Manu desloca o time um pouco mais para a esquerda e Melo se aproxima um pouco mais do centro do campo. É quase imperceptível, mas se deve muito as articulações que ambos fizeram no vestiário.

O jogo é duro, Manu demonstra mais qualidade, mas o Melo abusa das faltas, travando muito a partida. O meio de campo trabalha muito, volantes e articuladores fazem o que é possível, mas ninguém consegue criar vantagem.

Mas eis que em uma jogada muito estranha Melo marca um gol próximo do final da partida, o 2 a 0 selaria a disputa. O narrador de uma emissora não esperou a análise de vídeo e gritou o gol. Falei que a jogada foi estranha, quase todos tiveram essa impressão, então o VAR chama o juiz e invalida a jogada, ela foi totalmente irregular, na verdade me parece que a bola nem havia passado totalmente da linha do gol.

Os minutos finais passam e aquele gol do primeiro tempo se torna decisivo para a partida. O time à direita, de Melo, vence e se consagra campeão do Porto Alegrão.

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Romenigue Thier

Computer Enginner, Golang Enthusiast and Development Manager